terça-feira, 27 de setembro de 2011

Saudade de quem não deveria sentir.


Depois de todo aquele tempo, eu estava realmente feliz. E não era pouco. Tinha encontrado a pessoa certa, o homem que toda menina deseja. Ele era carinhoso, politicamente correto, inteligente, ajudava velhinhas a atravessar a rua, tinha assuntos realmente interessantes que prendiam qualquer um e, o melhor de tudo, que realmente parecia gostar de mim. Tão doce, tão atencioso. Tão doce, mas tão doce, que eu enjoei. E comecei a sentir falta daquele cafajeste que havia me feito sofrer novamente a alguns meses atrás, daquele idiota que aparecia e sumia da minha vida como um passe de mágica, só pra ter o prazer de sentir o quanto ele era capaz de bagunça-la. Comecei a sentir falta da mania horrorosa que ele tinha de tragar um cigarro atrás do outro, de todas as marcas possíveis. De como ele me apresentava pros amigos como ''minha namorada'' ou ''minha mulher'' e da cara fechada que ele insistia em mandar para quem me olhasse com um pouco mais de malícia. Sentia falta de não ter minhas ligações retornadas, de não ter que ficar esperando de cara feia por causa do atraso dele, de todas as brigas, de como ele conseguia ser mais errado do que o sentido errado permitia, de todas as noites mal dormidas, de todas as falsas promessas, de ouvir qualquer musiquinha a toa na rádio e lembrar dele. E eu, tão ingênua, ainda imaginava- e imagino- que o destino reservou algo bem bonito pra nós, que possamos ser nós novamente. Eu sei, tem sido loucura em meio a bagunça que ele deixou quando foi embora. Eu tenho opções, eu sei qual devo escolher, eu sei qual será melhor pra mim. Mas ainda sim meu coração insiste em optar pela opção que o fará em mil pedaços e remendos novamente, ainda insiste em sentir saudade de quem não deveria sentir. Insiste em querer quem não o quer, em deixar ir quem o deseja. É esse costume de sofrer, essa mania de ser apegada nos defeitos dele, essa saudade que me consome, essa carência que me optar em procurar achá-lo em outra pessoa. Mas o problema é que ele já descobriu o grande segredo que poucos sabem: pra me ganhar, tem que fazer tudo pra me perder. E ele faz isso como ninguém, e como faz! Qualquer pessoa em meu lugar optaria pelo homem doce, certinho, bom filho e futuro-ótimo-pai-de-família-perfeito. Não discordo, eu também optaria. Mas tenho que admitir que o errado e o amargo sempre me atraíram muito.

(Nathália Pereira)


OBS: Esse texto é ''continuação'' do anterior, na ordem em que os fatos ocorreram.

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