domingo, 10 de julho de 2011

Mais uma de amor


Tão doce, tão protetor, tão intenso. Um amor que daria inveja a qualquer um. Um amor que não se encontra em qualquer esquina, em qualquer lugar. Era inverno e ele a acolhia em seus fortes braços para que ela não sentisse frio. Eles andavam na rua fazendo cócegas um no outro e dando risadas altas, chamando a atenção das pessoas ao redor. Passavam em docerias e ela fazia questão de comprar milhares de cupcakes e ele a chamava de gulosa. Ele ainda guardava uma coleção antiga de carrinhos e ela tinha uma boneca de pano que guardava desde os 7 anos com todo cuidado possível. Ela fazia questão de passar na frente da tv quando ele estava vendo algum jogo. Já ele, sempre dava um jeito de fazê-la borrar o esmalte. Eles riam e choravam, brigavam e dificilmente concordavam em alguma coisa. Mas se completavam e sabiam disso. Sabiam que um não viveria sem o outro, que não daria para aguentar a dor da partida, mas sabiam que ela chegaria. Os pais dela a mandaram para um país distante para fazer intercâmbio. Ele ficou aqui com todas as memórias, com todos os cheiros e gostos, com uma esperança que contagiava quem o via, esperando o dia que ela voltasse. Anos se passaram. Ele soube que ela tinha ganho um apartamento dos pais no país em que fazia o intercâmbio. Ela não mandou mais notícias. Ele, apesar de toda dor, resolveu seguir a vida. Terminou a faculdade, comprou sua casa e começou a trabalhar. Ambos se formaram em administração como haviam combinado naquele último inverno juntos. Ele, no dia de seu casamento, veio-lhe um flash de memórias na cabeça. Lembrou de tudo, de sua infância, sua coleção de carrinhos, de seus amigos de colegial e dela. A menina que fora a única que conquistou seu coração, a menina que precisava ouvir as coisas que não deram tempo de ele falar. Sacudiu a cabeça como se aquele gesto fosse apagar as memórias daquele inverno e seguiu para igreja. Quando já estava no altar e prestes a dizer o ''sim'' ele avistou no fundo da igreja uma menininha ruiva com um sorriso contagiante que lhe chamou atenção por ter a impressão de que já a conhecia. Dito o ''sim'' e já na festa do casamento ele resolveu procurar pela garotinha. Encontrou-a brincando perto do chafariz. Ao aproximar-se dela, percebeu que ela tinha um sinal em forma de coração no braço esquerdo como o da menina que conhecera no inverno. Sentiu uma mão em seu ombro e ao virar-se lá estava ela, tão linda como o dia em que a conhecera, com um sorriso tão contagiante como o da pequena menina, tão apaixonante como o primeiro dia. Ela lhe contou que no intercâmbio soubera que já estava grávida dele e seus pais a proibiram de voltar ou mandar noticias, mas que ainda o amava como na primeira vez, que a menina era o fruto daquele lindo amor que tiveram. Ele com o coração na mão e lágrimas no olhos, teria agora que escolher entre a sua noiva ou o seu verdadeiro amor, ou melhor, seus amores. Pediu desculpas a sua noiva, explicou-lhe toda a história e ela compreendeu, embora seu coração estivesse se machucando, entendeu que queria mais do que tudo ver a felicidade do seu noivo, sempre soubera que nunca a amou. E ele, ela e a menina viveram juntos, se apaixonaram novamente a cada dia mais, ele pode falar-lhe tudo o que não tinha falado da primeira vez e ela pode viver o tão sonhado ''felizes para sempre'' sem um fim, sem uma nova partida.

(Nathália Pereira)

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