terça-feira, 7 de junho de 2011

Metade de mim


E eu já não sei mais o que sou ou o que deveria ser. Não me lembro o que fui e não faço idéia do que me tornei. Metade de mim foi embora e só ficou a parte do meu eu, só ficou a minha parte. A minha pequena e insignificante, parte. Você foi embora e levou a melhor parte de mim. Levou os meus sorrisos, os meus sentimentos, a minha felicidade. Levou tudo de bom que existia em mim. Você se foi, e se levou. A melhor parte de mim. A metade mais bonita que já foi minha. Tudo que sobrou foi algumas lembranças, guimbas de cigarros, café requentado e o seu cheiro. Seu doce e ilusório cheiro. Seu maldito e persistente cheiro. Que só serve pra me fazer lembrar o quanto eu era feliz ao seu lado, o quanto eu era feliz sendo inteira. O quanto eu pude te ter e te deixei ir. Simplesmente ir, com a minha outra metade, com a minha parte boa. E só ficou isso, uma pessoa fria, sem sentimentos, bebendo café requentado e com guimbas de cigarro espalhadas pela casa. E só. E essa metade se acostumando a viver sem a outra. E a outra sentindo falta dessa metade. E a frieza e ignorância tomando parte do meu eu. Não me culpe, você quis assim. Você me fez assim, me tornou assim. E eu me tornei isso, só isso, nada mais. Um isso tão frágil, frio e ignorante. Experimentando outras metades que não se encaixam. Tentando montar um quebra-cabeças com peças faltando. Procurando metades em coração inteiros. Procurando mesmo sabendo que não vai encontrar, mas mesmo assim, procurando. Persistindo, insistindo. Um dia eu me encontro, eu me completo. Um dia, quem sabe um dia.

(Nathália Pereira)


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