quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Talvez você volte. Talvez não.


E talvez você volte. E então, finalmente, eu poderei te dizer tudo o que não te disse na última vez que nos vimos. Eu deveria ter te dito tanta coisa, expressado tanto sentimento, ter te mostrado a parte boa do meu eu, ter entregue a você tudo o que há de bom em mim. Mas por medo da falta de reciprocidade, eu deixei os atos e palavras escaparem, se perderem como se fossem nada, como se não fizessem diferença. E você se foi, sem nada. Sem ouvir saindo da minha boca algumas palavras que estão engasgadas na minha garganta e que, querendo ou não, você as ouviria ecoadas pelo vento em uma tarde solitária. Você se foi e só deixou um gosto de café amargo, umas ou duas guimbas de cigarro e essa saudade que preferiu se em estacionar em mim. Saudade essa, que deita em teu lugar na minha cama, que insiste em ocupar o teu espaço no meu colo, que me acolhe e ao mesmo tempo, me destrói. Essa maldita saudade que quebra minhas forças, derrete o coração de pedra e traz lágrimas aos meus olhos. E agora, eu hei de seguir a vida, carregando essa saudade imensa pela estrada e deixando um pouquinho em cada parada, em cada encontro. Eu hei de perder, aos poucos, essa vontade do teu ser, essa esperança do retorno, esse grito pelo teu aconchego. Eu aprenderei a viver. Sem você, sem nós. Mas talvez você volte, e talvez eu já tenha espalhado toda a saudade que restara pela estrada. Talvez eu já esteja sentindo falta de um outro alguém, caminhando de um jeito novo, com um amor novinho em folha. Vai passar, eu sei que vai. Mas enquanto isso eu vou seguir, com a mesma saudade de ontem, de hoje e, se assim quiser o destino, talvez não de amanhã. Vou seguir, vou viver. Meu coração é teu, mas não acredito que por muito tempo. Vou viver, com toda essa incerteza do talvez, mas vou. Porque talvez você volte. Talvez não.

(Nathália Pereira)

Um comentário:

  1. Acho que o que não conseguimos dizer nos assombra muito mais do que o que de fato dissemos. Além da incerteza de que vá existir outra oportunidade, há também a possibilidade de falharmos novamente. Belo texto :)

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